quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

00:47

"(...)Sei lá. Talvez o meu único modo
De conservar perfeita uma coisa viva
Seja tirá-la a vida e fazê-la saudade
O prazer de virar a mesa
Porque ela me afronta
A insanidade de talhar
As melhores artes
Contemplá-las e
Quebrá-las
Para viver toda a amplitude
Que há das alturas até o nada
[um expectador do meu próprio teatro]

Consigo ver as coisas assim
Em crua dor, mas livres de maldade
Nunca me disseram que isso é certo
Mas não faço questão de ser quadrado
Não a amei como ensinam os livros
Mas assim, como se ama a liberdade

Eu estrago as coisas, é verdade
Sim, eu carrego no peito esta culpa
Mas com um coração de criança
[se não houvesse espelhos
ainda teria dez anos]
Que aposta tudo no brincar
E morre sem saber
O que a mata"

André Díspore Cancian

Nenhum comentário:

Postar um comentário