quarta-feira, 31 de março de 2010

+ The hardest thing around

Eu poderia dizer que era uma mentira, que tudo isso não passa de uma confusão e uma farsa. Talvez sim, talvez não. Procurar entre rostos e gestos, aquela velha certeza incerta de saber o que de fato sou e o que realmente quero.

Ai ai, adolescência maldita.

segunda-feira, 29 de março de 2010

+ Nostalgia.




"Quando temos apenas 10 anos a sua rua parece ser tudo que voce tem. Seus vizinhos, amigos familia, mas há muito mais lá fora que apenas casas."

O pior é pensar que eu não tenho mais dez anos e que também na porta de casa eu não tenho necessariamente tudo o que preciso.

sábado, 20 de março de 2010

+ Anna made the world turn blue.

"Please don't wake me, no
don't shake me
Leave me where I am
I'm only sleeping
".

Era o que Anna diria à sua mãe todas as vezes que a acordava para ir ao colégio. Era difícil pegar no sono, ele sempre vinha depois das 2 da manhã e ela precisava estar sempre disposta e acordada às 6 horas em ponto. Até a rotina matinal ser concluída, ela teria 30 minutos apenas para banho, o café e a escolha da roupa. Não que ela se importasse tanto com isso, diferentemente das suas amigas de sala de aula ela raramente aparecera com algo a mais no corpo: nada além do uniforme. Era o suficiente.

O café era algo indispensável. As olheiras acusavam a madrugada mal dormida, e ela precisava de um energético para a deixar em pé o dia inteiro. Além das aulas pela manhã, ela teria mais alguns trabalhos a tarde. Ela não era o tipo de aluna excepcional, e a matemática sempre fora o seu maior problema. Gostava de história, amava a geografia e achava a filosofia e sociologia duas matérias importantíssimas. "O que são números perto da complexidade da vida? Eu não me importo qual o número é o número atômico de um elemento, ou então qual a massa total do planeta. Eu quero sentir e entender as palavras de um livro, quero poder escrever a minha história e dizer no final que tudo isso é o que sempre quis e consegui!". É o que diria se perguntassem o porquê de suas notas baixas em matemática sendo uma aluna aparentemente tão dedicada.

Nunca lhe faltara nada. Absolutamente nada. Ela sempre teve (não digo apenas em questão material) tudo o que precisou. Apesar de ser um pouco menos exigente comparando-a com suas amigas um tanto quanto exageradas e extremistas, ela apenas precisara daquilo que realmente usaria. Não gostava de extravagância, muito menos de brilho. Era minimalista em quase todos os aspectos, principalmente na maneira a qual se vestia. Um jeans, uma blusa e um tênis all star era o suficiente: aquilo era confortável e a deixava bem.

Ser sociável é algo que sempre foi. Mas dentro de si havia um eterno vazio, uma eterna procura a algo inalcançável. A felicidade não era porque sempre acreditou que felicidade demais é um veneno. Não procura pela felicidade eterna porque sabe que ela é inexistente. Apesar de que às vezes era o que mais pedira e sonhara... Era o modelo de amiga, o modelo de namorada, o modelo de caráter e inteligência mas dentro de si havia sempre aquele vazio que gritava: eu não tenho serventia alguma.

Isso obviamente acabava com sua relação dentro de casa. Brigara por muitas vezes com sua mãe, as duas eram idênticas. O porquê das brigas, é algo inexplicável. Eram palavras jogadas contra uma planície de impaciência que por vez transformavam-se em avalanches perigosas cheias de palavras mescladas com fogo e maldade. Dóia cada avalanche daquela. Não só de um lado, ambos. Com isso era sentia-se falsa consigo mesma: lá fora, a aluna aparentemente excepcional. Aqui dentro, a filha insatisfeita e incompreensível.

Durante uma época de sua vida, tudo passou a mudar. O minimalismo relacionado à sua maneira de vestir passou a decair-se e ela sentiu que isso a mudara. As amigas continuavam ali, lindas e deslumbrantes: e ela queria fazer parte daquele meio. Mesmo que fosse contra seus limites e regras: ela queria entender o porquê daqueles sorrisos que vira estampados nos rostos delas. Toda aquela alegria, talvez momentanea, a deixara por muitas vezes com um sentimento que evitara ao máximo: inveja. Por mais baixo e mesquinho que seja, ela sentira inveja daquela felicidade. Mesmo que momentanea, ela queria sentir aquilo. Pudera Anna entender um pouco menos das complexidades de sua existência. Pudera ela colocar-se naquele meio. Por mais que tentasse, no final de todas as festas ela chegava em casa e o vazio a contaminava. O lápis de olho deixava com os olhos baixos e fundos, e toda aquela noite sumira diante de seus olhos.

Pela manhã tudo continuara. O café totalmente indispensável era o seu maior aliado. Assim recomeçava-se toda uma rotina. Um ciclo vicioso onde a beleza de ser o que é a orgulhava mesmo se a noite destruisse o seu padrão. Ela queria ser assim e amava toda essa contradição.

Viver os dois lados era sua maior diversão. Afinal, now nothin's gone to waste for sure.

terça-feira, 16 de março de 2010

+ Fragmentos de um sonho.

Preciso definitivamente dormir mais.


Ela sabia que antes daquele gesto acanhado, ele a consumira inteira com o olhar. Fazia questão em mexer os cabelos e mostrar-se tão pouco interessada. O relógio acusava o atraso. Cinco minutos era o suficiente para quebrar todo um clico de rotina. Mas valeria a pena, até então o dito cujo não possuira um nome e ela não inquietaria até descobrir.
Faria então, tudo de forma planejada: seria reciproco a troca de olhares, deixaria cair algo ao lado o que consequentemente os levaria a uma sucessão de fatos óbvios: o agradecimento por ter em mãos o objeto caído acidentalmente, logo a mão vazia estendida para uma apresentação. Tudo monstruosamente e femininamente bolado. Sei que ele entendera o sinal, por isso apanhou o objeto milésimos após o acontecimento.
Voltando à mão vazia estendida: apresentações feitas. O relógio apitava e acusava novamente o atraso, mas não importava. Ainda não conseguira o que queria. Ele fazia questão em não falar o nome. Fora uma apresentação feita a olhares, um oi e um aperto de mão. Ambas suadas e trêmulas.
O convite ao café logo fora feito e obviamente aceito. Ela não parava de olhar ao relógio e ele nos seus olhos. Era tudo estranho: duas pessoas que jamais se viram sentadas em um café sem trocar uma palavra em mais de 10 minutos. Apenas a vontade de estar lá permanecia. Até que a frase sai. A primeiríssima, vinda dele, após as apresentações feitas por olhares:

- Eu tenho sentido você em mim e eu nem ao menos a conheço.

Tudo então se encaixara. O porque da permanência dela ali, sentada, tão pouco preocupada com o horário. Era ele a ânsia que a consumira e a indicava o lugar todos os dias. Algo fora do padrão de qualquer entendimento racional. Entendera então o porquê da sucessão de fatos estranhos ocorridos desde que saíra de casa: o ônibus atrasado, a enorme fila do banco. Antigamente era tudo devidamente cronometrado. E hoje ele quebrara isso.

- Se sou o que tens dentro de ti, por que não me disse seu nome até agora?

Um gole na xícara de café e a resposta:

- Como diria algo que não sei? O que sei é o que lhe disse, cara: eu sinto você comigo, mas não a conheço. Esperava alguma resposta sua.

E novamente o relógio apitara. Meia hora de atraso, estava tudo tão confuso. A rotina quebrada e um maluco em sua frente. Um maluco incrivelmente fascinante. O nome, uma incógnita. O porquê de sua estadia ali, o motivo para sua insistência e, perguntar seu nome.

- Vamos, diga-me! Todos nós temos um nome! Não me venha com frases feitas achando que irá me convencer.. Um nome é tudo o que lhe peço!

Não queria demonstrar-se ansiosa. No seu conceito era sinônimo claro de fraqueza.

-Ora bolas, para quê um nome! Estou aqui a entender o porquê de tê-la em mim e queres um nome? Eu esperava que me dissesse isso!

45 minutos no relógio e ela começou a balançar as pernas. Sinal de ansiedade! Ele percebera, suspirou e disse:

- O que sei é que sou o que faz de você ser o que é.

Ela sentiu todos os seus sentidos àquela hora. Nunca esteve tão viva. Sentido-se assim, disse:

- Mas até agora não sei o seu nome. E como você poderia ser algo que me faz ser o que sou?

Inquieto, ele disse:

- Sou o porquê de sua eterna busca a algo inexistente. A sua inspiração. Perdi-me dentro de você e se tenho nome ou não, já não sei mais.

Ela sentira a garganta seca, e quando deu o primeiro gole no café, viu-se sozinha na mesa. Tremeu-se de ansiedade.

De repente tudo desaparecera e ela estava acordada ali: na sua cama com os lençóis desarrumados e o relógio acusando o atraso. Era um sonho.Olhou para mesinha ao lado e vira a xicara de café, os livros e o trabalho que levara para a casa. Mas não vira ninguém ao lado da cama, o que acusava de vez o sonho. Levantou-se, foi ao banheiro, lavou o rosto e sentia aquela ansiedade novamente.




Seu nome era saudade: o sentimento sem nome, inexistente, misterioso e persistente.

segunda-feira, 15 de março de 2010

+ 15/03

Gritar! Espalhar tamanha empolgação!
Destruir por completo o silêncio
Iluminar de vez as feições.
Sentir, respirar.


Eu realmente vejo você gritar, implorar e desejar por vida.

quarta-feira, 10 de março de 2010

+ 10/03

Já lhe disse o quanto apaixonada sou pelos seus olhos? Ofuscante, profundo e intenso é o seu olhar. Pudera eu entender o porquê de tanto encanto assim. Talvez eles tenham algum segredo para me chamar. Você, assim: tão similar a mim! Aspectos e diferenças tão iguais, uma perfeita contradição de palavras. Um elo de amizade que evouluiu-se em mim.

Estou eu confundindo as coisas ou estamos apenas no fim?

sábado, 6 de março de 2010

+ Myself.

Ela costumava a pensar que mentes eram jogos. Sabia que no meio de tantos sentimentos sempre acabava voltando para o mesmo lugar: a mesma melancolia e a mesma descrição ironizada e contraditória de seu ser. Mesmo assim continuara tentando, aquilo dentro dela não parava de gritar por vida!

Gostava de quebrar o silêncio, iluminar a escuridão de pensamentos alheios, descobrir sentimentos e palavras novas. Procurava nas músicas idéias que iam além de sua capacidade: e sempre conseguia. Não era tao difícil assim, aquela eterna insatisfação sempre a deixava com uma ambição a mais. Algo totalmente insatisfatório. Mas que por si só se satisfazia em ser assim. Aquilo era o que realmente o seu ser precisava e de fato, era.

O amor em sua vida sempre fora o seu maior clichê. Não saber o que era e querer descobrir por completo era a sua maior vontade. Apaixonava-se rapidamente por qualquer boa alma que a confortava: e sempre se perdia no meio daquilo - era algo novo e diferente - nunca pode encontrar estruturas para suportar tal grandiosidade. Mas gostava do sentimento que aquilo a proporcionava, o coração batia mais rápido e as pernas ficavam bambas.


A esperança era o seu ponto forte. Sentir-se esperançosa sempre lhe fazia um bem incomensurável. Sua insaciável insatisfação justificava o porquê de seus atos, o seu ser. Considerava-se a coisa mais bela esculpida, afinal, era o que conhecia, apenas ela entenderia.

Dentro de um ar de melancolia existira sempre um orgulho completo de ser o que é.

quinta-feira, 4 de março de 2010

+ Coffe, coffe.

Pensar que o meu tempo é conometrado por segundos irreversíveis, em um objeto tão insignificante feito por um material totalmente frágil como o relógio, me desespera. Nunca fora tão interessante pensar nisso e sei também que continuar nesse pensamento, é caminhar rumo a loucura.
É como se o meu tempo fosse literalmente limitado. Como se cada segundo perdido fosse um grande erro. Como se cada vez que eu dormisse, eu perdesse um tempo precioso, que poderia proporcionar-me algo a mais. Pensar nesses segundos irreversíveis deixa-me totalmente atordoada.

Pensar, pensar, pensar.
Pensar em você, pensar em mim.
Pensar menos.

Eu não quero perder mais nenhum segundo.



Preciso parar de tomar café.

terça-feira, 2 de março de 2010

+ Algo para ninguém.

Se ontem você já não estava mais aqui, eu não pude perceber.

Aquela velha mania de querer demasiadamente estar em você consumira meu universo de pensamentos.

Ou então eu só queira permanecer em ti.

segunda-feira, 1 de março de 2010

+ Rainy weekend.

De água não podemos mais reclamar.

Esse final de semana foi o mais chuvoso do ano (pelo menos o que pude perceber), e o cheiro de terra molhada invadira minhas narinas de forma extrema.

Sábado e domingo foram dias legais. Recebi a visita de um amigo que hospedou-se na minha casa e da minha querida prima também (já disse o quanto adoro recebe-los?) e mais alguns da cidade. Em dias chuvosos eu permaneço numa inquietação monstra. Acho que é pelo fato de eu não poder sair. Bem, sair eu posso, mas tomar banho de chuva é algo que eu sempre tive que evitar desde nova. Sempre fico resfriada ou algo perto disso.

Continuo com Explosions in the sky e Joy Division. Mas nesse final de semana pude apaixonar-me mais ainda por uma apresentação incrível do Toby Martin (Youth Group) e Sarah Kelly (RedSunBand). Hope Sandoval e Jesus & Mary Chain (influencias fortíssimas para ambos) tem uma apresentação juntos de uma das mais belas canções que conheço entitulada "Sometimes, always". Sarah e Toby fizeram o mesmo (o que foi muito interessante se pensar pelo lado que Hope Sandoval é uma das maiores influencias para Sarah e JAMC o mesmo para o Youth Group) numa apresentação ao Rockwiz na Australia. Um perfeito encontro dos dois que posto aqui agora:


Hope Sandoval e Jesus and Mary Chain
-

Sarah Kelly e Toby Martin




Domingo eu finalmente assisti Control. Estava numa ansiedade enorme em saber um pouco mais sobre o Ian Curtis. A fotografia black&white do filme era incrível, Sam Riley (além de ser muito parecido com o Ian) desempenhou um papel incrível nas performaces das apresentações e nos ataques epiléticos. É uma história cheia de angústia, tudo para ele fora tudo muito rápido, o que o fez (acredito eu) perder-se no meio de tudo isso. Seu estado mental obviamente ajudou muito para então a escolha de sucidiar-se. Bem angustiante. Ainda mais no final quando o filme encerra com a Atmosphere tocando. O café na hora fez um efeito monstro (tomei café durante o filme todo, o que é um perigo, haha).

Segunda-feira batendo aí na porta e eu precisando de menos café e menos post-punk.

Ok, só mais uma xícara.