quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

+ Pequeno fragmento de uma tarde de 2009.

Textos fictícios, contos, definitivamente não são o meu forte. Mas vasculhando em algumas pastas e documentos, encontrei um texto que fiz (aliás, uma tentativa). Gosto de detalhes, eles me atraem bastante em um texto. E fiz questão de escrever de uma forma bem detalhada. Postarei um fragmento que escrevi numa tarde tediosa de 2009 (não me lembro exato quando). Inspirei-me em um filme sueco chamado En Kärlekhistoria de 1970 (que aliás indico pra caramba!). O texto em si não tem muita ligação com a história, é bem diferente na verdade, mas durante o filme pude observar algumas características em Annika e Pär, então as juntei nessa história que posto aqui agora.


Annika och Pär


"Adorava vê-la dançando. Seu vestido de renda tornava-se uma nuvem de prazer a cada movimento realizado. Encantara-me a forma com que o seu perfil ficava a cada giro que ela dava, seu nariz milimetricamente perfeito furava o vento quando erguia-se o seu pescoço. Fora a forma na qual seus lindos tornozelos se moviam com os laços daquela sandália. Ela sabia que eu gostava dos seus gestos, dos seus cabelos negros, e fazia questão de move-los a cada vez que olhava para o lado e me via.
O modo com que seus lábios se moviam me enlouquecia de tal forma que qualquer estado de êxtase não se igualaria a esse. Único. Provocante. Por trás de toda aquela beleza, sei que se escondia um coração cheio de melancolia. Escrevera vários sonetos em seus cadernos coloridos que levava para a faculdade. Ela cursava literatura (o que seria obvio diante de todas essas características ditas até agora) e sempre a encontrava no caminho para a biblioteca.
Nossas conversas resumiam-se em frases aleatórias. Adorava a forma na qual ela escrevia, Annika me envolvia. Tudo o que ela me dizia eu sempre tentara aproveitar ao máximo. Já perdi a conta de quantas anotações fiz para depois ler e reler. Era um bombardeio de informações. E muitas vezes me perdia. E aí entravam as anotações: para me colocar nos trilhos novamente.
Ela era extremamente misteriosa. Decifra-me ou devoro-te. Se ela era uma esfinge ou não, eu não sei, mas que essa frase cabia no seu conceito, ah isso sim. Andara sempre com muitos livros embaixo do braço e sempre a via na biblioteca na seção ficção cientifica e "romance". Sempre fora muito contraditória e sei que gostava de ser assim. Em um daqueles papeizinhos lembro-me de ter anotado algo como:

"E então, aqui estou eu: a eterna insatisfeita que se satisfaz em ser assim".

É uma das minhas frases preferidas."

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